Histórias talhadas em sulcos de lágrimas e sorrisos
Escritas à ferrugem, bolor e restos de tinta
O tempo lentamente desenha seus caminhos e
Como a esfinge, nos desafia:
Decifra-me ou devoro-te...
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O que se houve Além da Porteira:
Oração ao tempo
És um senhor tão
bonito De modo que o meu espírito
Quanto a cara do
meu filho
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo
tempo
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um
pedido
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo
tempo... Tempo tempo tempo tempo...
Compositor de
destinos O que usaremos pra isso
Tambor de todos
os rítmos
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo
tempo
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo
contigo Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo
tempo... Tempo tempo tempo tempo...
Por seres tão
inventivo
E quando eu tiver saído
E pareceres
contínuo Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo
tempo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses
mais lindos
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo
tempo... Tempo tempo tempo tempo...
Que sejas ainda
mais vivo
Ainda assim acredito
No som do meu
estribilho
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo
tempo
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te
digo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo
tempo... Tempo tempo tempo tempo...
Peço-te o prazer
legítimo
Portanto peço-te aquilo
E o movimento
preciso
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo
tempo
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo
for propício
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo
tempo... Tempo tempo tempo tempo...
(Caetano Veloso)
Todas as fotos acima foram feitas na Vila Maria Zélia, primeira vila operária de São Paulo. A vila, no bairro do Belenzinho, abrigava imigrantes que vieram pra cá no início do século XX em busca de tempos melhores.
Entre ruínas e casas bem conservadas, onde ainda vivem famílias descendentes dos imigrantes que fundaram a vila, o velho vive em harmonia com o novo. As histórias de famílias inteiras são contadas de geração em geração e permanecem vivas nos vestígios deixados pelo tempo.
Demais, Ju. Lindas fotos. Texto perfeito pra acompanhar. Tempo, tempo, tempo. Bjos
ResponderExcluirQue bom que gostou Ju...
ExcluirA gente chega aos 40 e passa a pensar mais no "Tempo, tempo, tempo..." e o que fazemos dele... ;o)
Beijo grande!
Ju...bonito demais! Olha que mágico: essa coisa do "decifra-me ou te devoro" esteve presente lá no "Do lado de cá" também. Eu acho o máximo essas aproximações poéticas...
ResponderExcluirEu tô completamente apaixonada por tuas fotografias! Vontade de sair por aí clicando o mundo, mas sei que olhos sensíveis como os teus são joias raras!
Bjo, bjo, bjo
Olha só Dani... aproximação poética com o "Do lado de cá" me deixa até com a bola cheia...
ExcluirQue bom que gosta das fotos... é uma paixão mesmo... Sair por aí clicando o mundo é um vício que não acaba mais e é também um convite a reinventar o olhar, a ver o mundo nos pequenos detalhes de forma diferente... Pra mim, um desafio.
Obrigada pelo carinho Dani...
Beijos saudosos
Ju,
ResponderExcluirestas fotos, mais do que lindas, têm alma... e isso faz toda a diferença, é o que nos arrepia, nos comove...
Adoro imagens que me causam inquietação, que se movem dentro de mim, como as tuas :)
e o tempo... ah, o tempo... nos morde e nos lambe, mas sempre nos esculpe. E o que esculpe também desgasta...
beijos e uma linda semana pra ti!
Déa,
ExcluirFico muito feliz que goste das fotos... Imagens contam histórias, despertam sentimentos e sensações... Há um universo escondido por trás de cada imagem e não são todos que se conectam com esse "outro lado" da fotografia.
É preciso ser poeta. E isso você é de sobra...
E que linda e poética imagem essa: o tempo de nos morde e nos lambe, mas nos esculpe... e também desgasta. Gostei demais.
Beijo grande e ótima semana procê também
Juliana, obrigada pela visita ao meu blog e pelo seu olhar atencioso e gentil... aqui é simplesmente lindo! As imagens e palavras se complementam, e como se não bastasse, ainda chego nesta postagem com a Oração ao Tempo do Caetano, da qual sou apaixonada :)
ResponderExcluirBeijos
Obrigada Mercedes, fico muito feliz que tenha gostado...
ExcluirÉ nossa essa casa de voar...
Também adoro "Oração ao Tempo" ;o)
Enquanto fazia esse passeio na Vila Maria Zélia, fui cantarolando a música, internamente. Tudo ali me fazia pensar no Tempo.
Seja sempre muito bem-vinda por aqui, adorei a visita.
Beijos
bela sequência de olhares sobre pontos que escurecem, crispam, envelhecem, mas em respiração contínua, porque o tempo dos afetos estende-se para além da física.
ResponderExcluirbeijinho!
Obrigada Jorge, pelo seu olhar poético...
ExcluirSim, os afetos tem essa magia de pregar peças no tempo.
A despeito dele, criam vida própria e se tornam mais fortes enquanto tudo o mais envelhece...
Beijo!
Juliana, fotos com bocas e dentes e línguas. Escuto os sons, os suspiros e as respirações.
ResponderExcluirBeijoss :)
Lugar mágico esse, Lelena...
Excluircada pedaço de madeira, cada rachadura, cada tijolo... tudo fala.
E é história que não acaba mais.
Beijo procê
O que fazer com o tempo? Deixo com o próprio TEMPO. Nunca o vejo como um inimigo, mas, como um ALIADO, que rascunha aqui, desenha ali, retoca acolá.
ResponderExcluirAdorei as fotos, Juliana! São Paulo é imensa, não cabe mesmo na palma da mão e suas ruas devem ter muitas histórias do TEMPO, para contar.
Um abraço aqui do Cariri cearense,
Tânia Peixoto
Tânia querida,
ExcluirEssa é a grande lição que a vida nos dá... ter o tempo como aliado. É uma arte...
Só assim é possível saborear cada minuto...
Que bom que gostou das fotos. Fiquei encantada com essa vila - me senti transportada no tempo. É um lugar mágico.
Beijo grande pra você e pro Cariri ;o)